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Marcelo D'Salete: quadrinhos como resgate histórico

Atualizado: 25 de jul. de 2021


Marcelo D'Salete é referência nacional e internacional em quadrinhos, sobretudo com foco na história da população negra e periférica.


Fotografia de Marcelo D'Salete. Ele é um homem negro, com barba pequena e cabelos curtos, ambos pretos. Ele veste uma blusa verde escura e olha para direita, gesticulando com as mãos. Ao fundo, uma estante de livros.
Marcelo D'Salete já ganhou o Eisner Awards 2018 por Cumbe, na categoria Best U.S. Edition of International Material | Foto: Malu Mões para Sesc Pompeia

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Em algum momento, durante a criação de seus quadrinhos, pelo fato de ser negro, seu emocional te afetou positivamente/negativamente?

Interessante (risos). Sim, envolve bastante questões sentimentais. Eu acho que é uma emoção muito plena que você sente nesses momentos de criação, e creio que é um dos momentos mais interessantes para nós artistas, quando a gente vê que algo é possível de ser contado em formas de histórias e ver que as outras pessoas estão também acessando e gostando .


O que te motivou a começar a criação de quadrinhos sobre negritude? Quais são as suas maiores inspirações e ídolos?

As minhas influências vinham inicialmente do Rap, do Hip-hop. O impacto que o rap teve na periferia em termos de dar voz à juventude negra periférica foi muito grande. Ouvir uma letra dos Racionais como Voz Ativa no final da década de 1980, isso em casa ou em uma festa, era algo incrível. Angola Janga levou anos de estudo.


Quais foram as principais dificuldades durante a pesquisa?

Quando comecei, imaginei que seriam três ou quatro anos. Aí a coisa foi se avolumando, ficando mais difícil, mas foi um processo muito rico. Cresci muito nesse meio. Em um primeiro momento, estudos sobre escravidão e Palmares, depois, pesquisas sobre artistas que retrataram aquele período. Nisso, cheguei em outra área da história social que, para mim, foi muito importante e influenciou, principalmente, Cumbe, que é uma área da História Social que pensa a escravidão a partir de alguns casos específicos. E esses, geralmente, são casos que vão parar em documentos policiais: conflitos envolvendo morte, problemas às vezes com os senhores ou com os escravizados. Esses arquivos foram importantes porque traziam ali o cotidiano de pessoas, os detalhes que fugiam das ilusões pré-concebidas que a gente tem sobre escravidão. E um outro [momento] foi atrás das informações falando sobre os traços étnicos dos povos tradicionais da Angola.


Como é levar seu trabalho para todo o mundo e ser reconhecido?

É algo muito especial, foi uma surpresa para mim. Os meus primeiros trabalhos tiveram uma repercussão pequena, apenas entre os leitores de quadrinhos. Com Cumbe e Angola Janga não. Muita gente que não lia quadrinhos foi atrás desses livros, se encantou com o modo de narrar a história. Está sendo algo muito especial, ainda estou tentando entender um pouco desse processo. Os livros foram publicados em Portugal, França, Itália, Áustria, Alemanha, EUA e serão publicados na Polônia ainda este ano (2019).


Você tem planos, ideias de novas criações? Pode contar para nós?

O próximo trabalho de quadrinhos será algo mais contemporâneo. Uma questão mais urbana, em cidade grande, com conflitos que se passam com alguns personagens, passando por São Paulo e também por alguns locais do Brasil. Estou gostando muito de fazer, de sair do Brasil colonial. Acho que a gente tem muita história que merece ser contada.


Trabalhos de Marcelo D'Salete


Para quem quiser conhecer mais o trabalho de D'Salete, é só acessar https://www.dsalete.art.br/.

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