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  • Foto do escritorMayrah Luiza

A Rosa Kaingang

Atualizado: 20 de nov. de 2022

Baseado em história real, quadrinho narra a busca pela liberdade de Morena Rosa


Peça gráfica composta por ilustração e texto. A ilustração, ao fundo da peça, mostra uma menina, à sua frente está um cercado de bambu coberto de rosas com de rosa. Ela é uma menina negra, de cabelos escuros e curtos.  Texto: A Rosa Kaingang

Título: A Rosa Kaingang

Autores: Neli Maria Luchese Stangerlin e Letícia Losso

Número de páginas: 37

Editora: Bichinho

Ano de publicação: 2021


As páginas coloridas e lúdicas de “A Rosa Kaingang" carregam uma história amarga e, ao mesmo tempo, doce e real. Baseado numa parcela de vida de Maria Rosa Ferreira e escrito pela poetisa e escritora Neli Maria Luchese, o livro foi lançado em 2021 pela Editora Bichinho, promovido através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, pela Lei Aldir Blanc.


Maria Rosa originou a personagem Morena Rosa e protagonizou uma parte deplorável da história do Brasil, o período escravocrata. Por mais que a lei Áurea já tivesse “abolido” o trabalho escravo no país em sua infância, nada impediu que ela fosse nascida e criada em uma fazenda localizada na região nordeste do Rio Grande do Sul onde os negros ainda eram submetidos à escravidão, dentre eles a sua própria mãe. Por isso, desde muito cedo a personagem do quadrinho era instruída a fugir do lugar e buscar sua liberdade. E foi o que ela fez. Durante a fuga, Morena Rosa se perdeu na floresta e foi encontrada e acolhida por uma integrante da comunidade indígena Kaingang.


As ilustrações de Letícia Losso guiam o leitor a ver a história de forma mais leve, tornando-a mais atrativa, principalmente, ao público infantil — que são o foco da obra. O quadrinho é rico em cores e detalhes, dos personagens às paisagens em lápis de cor. A Rosa Kaingang não peca em nada no quesito visual.


Como as Cartunadas defendem e priorizam a acessibilidade e inclusão, não poderíamos deixar de comentar e parabenizar a editora Bichinho pelo trabalho com as versões acessíveis da história em quadrinhos: transcrição em áudio, audiodescrição, tradução para Libras e para o próprio Kaingang, trabalho realizado por Moacir Ferreira Doble. Além disso, outro aspecto positivo em nossa análise é a disponibilização do material de forma gratuita pela internet e em mídia física.


Algo que me chamou muita atenção foi o acolhimento e a aproximação das questões étnico-raciais em A Rosa Kaingang. A população negra e os povos originários, sobretudo as mulheres de ambos os grupos, são desde a colonização do Brasil colocados às margens da sociedade e submetidos aos caprichos da população branca (colonizadores). Apesar de estarmos em outros tempos, a valorização das vozes dessas populações segue em crescimento — entretanto, ainda há muito para se conquistar. Tanto a população negra quanto a indígena seguem em busca de direitos como as cotas, a demarcação de terras, dentre outros.


O enredo de A Rosa Kaingang é uma daquelas histórias que a gente custa a acreditar que é real, sobretudo pelo início doloroso. Porém, de tão bem pensada e contada, a HQ dá aquele quentinho no coração no fim da leitura. Os trechos rimados e a forma com que as ilustrações despertam a curiosidade para o que virá na próxima página com certeza fazem a diferença na experiência de quem lê.


Para finalizar, gostaria de ressaltar a importância de personalidades como Maria Rosa Ferreira, que construíram narrativas a partir de atos de coragem que refletem até hoje de forma positiva nas lutas pelos direitos das minorias sociais no Brasil. Sabemos que vivemos em um país onde esses povos foram impedidos durante séculos de instrumentos básicos de ascensão social e, até hoje, sofrem com os reflexos dessas ações. Porém, seguimos na luta para que as narrativas contadas no futuro por pessoas negras e indígenas sejam cada vez menos sobre dor e cada vez mais sobre amor, alegria e finais felizes.


Nota:5/5


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