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  • Foto do escritorInara Chagas

Oblivion


Oblivion fala sobre saúde mental e como enfrentar os problemas do dia a dia


Peça gráfica composta por ilustração e texto. A ilustração, ao fundo da peça, mostra uma mulher sentada em um sofá e olhando para sua janela. Ela é uma mulher branca, de cabelos castanhos e longos. No sofá, também está um gatinho marrom deitado. Texto: Oblivion.
Foto: Divulgação

Nota das Cartunadas: este texto, diferente de todos de nosso site, não possui transcrição em áudio por problemas técnicos que estamos enfrentando. Assim que isso tudo passar, iremos incluir a versão em áudio, tudo bem?


Título: Oblivion

Autores: Fabrício Martins e Laura Jardim

Editora: Publicação independente

Número de páginas: 128

Ano de publicação: 2021


A frase “está tudo bem” talvez seja a maior mentira dos últimos tempos que nos acostumamos a falar e ouvir. Quando alguém está 100% bem? Nunca está “tudo bem” para mim, para você e, especialmente, para Anna Arroway, protagonista de Oblivion.


Anna é uma pessoa comum. Ela tem poucos amigos, um belo gatinho chamado Benny, um amor não correspondido, um trabalho que se vende como divertido mas, na verdade, é um trabalho tóxico, e pais incapazes de ouvir a filha e estabelecer diálogos saudáveis (ou mesmo diálogos, uma vez que não a escutam). E acredito que é aí que a história de Fabrício Martins e Laura Jardim se diferencia. É fácil se identificar com Anna. Quem aí já não esteve em algum trabalho ou pegou algum bico (ou freela, mas prefiro o abrasileirado) questionável apenas pelo dinheiro? Eu já, e não me arrependo.


Ambientada em uma época em que a tecnologia é mais avançada, Oblivion conta a história pacata de Anna e como a depressão entrou em sua vida. Apesar de não mencionar em nenhum momento (a não ser no posfácio) a palavra “depressão”, quem lida com a doença ou convive com alguém depressivo/a/u, é capaz de sacar já no início da história o tema central do quadrinho. Apesar de ser um tema difícil e sensível, é cada vez mais importante falar de saúde mental no mundo das HQs, ainda mais em um planeta com mais de 300 mil pessoas diagnosticadas com depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).


Falando sobre o quadrinho em si, é interessante como o recurso da edição é utilizado para contar a narrativa. Além de ótimas sacadas de viradas de páginas, é preciso mencionar aqui o acerto em usar cores apenas nas páginas mais importantes de Oblivion. Não vou dizer, obviamente, do que se trata, mas eu acho difícil você não se sentir tocade ao ler. Afinal, como ilustrar graficamente o fechar das gavetas das memórias que a depressão nos traz?


Oblivion, definitivamente, é uma história necessária. Ela nos mostra como precisamos buscar a felicidade ativamente e em pequenos momentos na nossa rotina: comer um bolo gostoso com os amigues, abraçar o seu pet, ouvir uma música e cantar em voz alta… Mas, mais do que isso, Oblivion nos provoca sobre o modelo de sociedade que vivenciamos. Como ser feliz em um trabalho que te explora? Como não desejar sumir do mundo quando você lida com uma rotina que te consome diariamente e quando as suas contas são pagas por meio de um trabalho que não respeita seus direitos trabalhistas? Não tem como ficar “tudo bem” em um contexto onde o lucro está acima da vida. Não tem.


Por fim, aos que chegaram ao final desta resenha, um apelo: não deixem de se cuidar e zelar pelos seus. Um abraço apertado, uma conversa sincera e um olhar atencioso podem salvar a vida de alguém. Terapia é necessária e salva a mente e o corpo, amor e amizade aquecem a alma e o coração. Peçam ajuda em vez de dizer “está tudo bem”. Ninguém está bem. E tudo bem.


Nota: 4/5


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